Normas para redação do texto
Aspectos
gerais
Um dos aspectos
mais importantes a serem considerados é a clareza e objetividade do texto.
Assim, não se deve tentar mostrar erudição ao redigir textos com a ordem das
frases invertidas, ou com o excessivo emprego de termos arcaicos e pedantes. A
leitura do texto deve fluir agradavelmente, sem ser enfadonho ao leitor. O autor
deve ser claro, direto, conciso e objetivo. É óbvio que essa simplicidade não
deve comprometer a qualidade do texto, nem tampouco justifica o emprego de
termos xulos, coloquiais ou mesmo gramaticalmente pobres.
Deve ser evitada
a excessiva fragmentação do texto em parágrafos. Deve-se ter em mente que um
parágrafo nunca deve conter apenas uma frase. As frases, por sua vez, não devem
ser muito longas, sendo recomendável que ocupem não mais do que cinco linhas.
Cabe ao leitor a
decisão sobre o impacto dos resultados do trabalho redigido. Deve-se evitar o
uso de termos muito enfáticos, como "sensacional" ou
"espetacular", ou superlativos, como "preciosíssimo" ou
"importantíssimo". Da mesma forma, o uso de letras maiúsculas deve se
restringir a nomes próprios. Não se deve empregar maiúsculas com a finalidade
de se destacar determinadas palavras. Se os resultados do trabalho não forem
realmente bons, não será uma redação tendenciosa que os tornará mais valiosos.
O texto deve
sempre ser escrito na terceira pessoa do singular. Por mais pessoais que tenham
sido os resultados obtidos, não devem ser empregadas construções como
"procuramos demonstrar que..." ou "meus resultados anteriores
sugerem que...".
Modismos
Devem ser
evitados os modismos, que são expressões inexistentes no português, ou mesmo
existentes, mas usadas em sentido diferente ao original. São exemplos dos
modismos: abrir as comportas, administrar a vantagem, a nível de, chocante,
conquistar o espaço, correr atrás do prejuízo, deitar e rolar, em grande
estilo, em termos de, em última análise, entrar em rota de colisão, extrapolar,
imperdível, junto a, pano de fundo, praticar preços ou juros, receber sinal
verde, sentir firmeza e trocar farpas.
Neologismos
Deve-se ter
cautela com os neologismos, sobretudo quando já existe uma palavra em português
para a expressar um termo de outro idioma, por exemplo, deve-se evitar o
texto foi deletado quando é possível escrever o texto foi apagado.
Quando houver a necessidade de empregar termos em línguas estrangeiras, eles
devem ser escritos em itálico. Por exemplo, "os indivíduos foram
submetidos a stress intenso...", "os animais receberam água ad
libitum... ", "ele foi considerado persona non grata... ",
etc.
Nomes
comerciais
Nomes comerciais
ou marcas não devem ser mencionadas no texto. Nele deve ser citado apenas o
nome técnico correspondente e a marca comercial deve ser citada em chamada de
rodapé. Por exemplo, não mencione "Fanta Uva", use "
refrigerante a base de uva"; use "dipirona" no lugar de
"Novalgina", etc.
Siglas
Conforme citado
anteriormente, as siglas empregadas deverão constar de um lista no pré-texto.
Na primeira menção à sigla, deve ser escrito o nome por extenso e nas vezes
seguintes, apenas a sigla: As publicações do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) reúnem todas estas informações. [...] O IBGE divulga tais
informações de várias formas...
|
Título e
partes do texto
A forma da
sub-divisão dos elementos textuais de um texto científico é tema de bastante
controvérsia. Assim, não é muito simples padronizar tais sub-divisões,
sobretudo considerando-se a natureza eclética das diferentes áreas do
conhecimento, incluindo as ciências humanas, exatas e biológicas. O que se
propõe neste texto é apenas uma padronização geral, cabendo a cada área
estabelecer critérios adicionais que contemplem as suas características e
peculiaridades.
De acordo com a
NBR 10719 da ABNT, o texto deve ser dividido em três seções básicas: introdução,
desenvolvimento e conclusões e/ou recomendações. Todavia, conforme
mencionado anteriormente, cada uma destas partes podem ser sub-divididas de
acordo com a natureza do trabalho.
O TÍTULO
de um trabalho não é seu resumo. Assim, devem ser evitados títulos longos, os
quais devem ser objetivos e conter apenas as palavras essenciais, sem todavia
prejuízo da clareza e entendimento da natureza do trabalho.
A INTRODUÇÃO
deve ambientar o leitor ao contexto do trabalho. Deve conter, por exemplos,
fatos históricos importantes e trabalhos clássicos. A introdução deve fornecer
as motivações contextuais que levaram o autor a conduzir o trabalho. A
caracterização do problema, as justificativas e as hipóteses podem ser
incluídas na introdução, ou destacadas à parte, quando for o caso. Autores
podem ser citados, mas não se trata de uma revisão, ou seja, apenas trabalhos
de significativa relevância para a caracterização do contexto devem ser
citados. Usualmente, uma introdução não deve ter mais de 3 ou 4 páginas. Ao
final da introdução deve ser apresentado o objetivo do trabalho, de
maneira clara e direta. É importante que o objetivo apresentado tenha uma
relação direta com o texto exposto na introdução.
O DESENVOLVIMENTO
varia muito conforme o tipo do trabalho. Em pesquisas experimentais é comum
sub-dividir essa parte em revisão da literatura, metodologia, resultados e
discussão. Entretanto, em pesquisas qualitativas, muitas vezes essa estrutura
não se adequa. De qualquer maneira, em qualquer tipo de pesquisa, é importante
apresentar os trabalhos realizados por outros pesquisadores. A redação desta
revisão da literatura normalmente é tema de grande dificuldade, sobretudo pelos
que se iniciam no universo da ciência. Face a essa dificuldade, muitos optam
por apenas resumir os trabalhos lidos em um ou dois parágrafos e apresentá-los
em ordem cronológica. Deve-se evitar esse tipo de redação, pois além de penoso
e entediante, o texto escrito desta forma não apresenta de maneira eficiente o
que já existe publicado sobre o tema. O texto deve apresentar as diferentes
correntes de pesquisadores que estudaram a questão. O texto deve ser fluido e
seus parágrafos devem possuir uma articulação entre si, isto é, os parágrafos
não devem ser simples menção de resultados de pesquisas, mas um parágrafo deve
conter idéias que evoluíram do parágrafo anterior e que preparam para o parágrafo
seguinte. Apesar de ser mais comum a apresentação dos trabalhos em ordem
cronológica, esta não é uma regra, isto é, os trabalhos mais antigos podem ser
apresentados posteriormente, desde que a clareza e a lógica do texto
justifiquem. Para facilitar a redação, uma opção bastante usual é dividir a
revisão da literatura em sub-capítulos, conforme os assuntos. É fundamental que
a revisão da literatura possua consistência com o objetivo proposto, isto é, os
trabalhos apresentados devem ter relação direta com o tema do trabalho.
Quando
pertinente, deve ser destacada em uma sub-divisão a metodologia
empregada, com rigor de detalhes, de forma a permitir sua total repetição por
outros autores. Deve-se evitar, assim, textos como "a dosagem de
hemoglobina foi feita segundo a técnica descrita por Coles em 1983". O
autor pode (e deve) ser mencionado, mas isso não elimina que a técnica seja
descrita detalhadamente. Para maior clareza, o material e métodos poderá ser
subdivido de acordo com as particularidades de cada área. Em pesquisas
qualitativas, a completa descrição das fontes documentais é imprescindível.
Em pesquisas
experimentais, convém destacar os resultados em um texto essencialmente
descritivo, isto é, ele deve apresentar de maneira objetiva os resultados encontrados.
Não deve ser feito nenhum comentário sobre os resultados encontrados.
Reserve-os para a discussão. Os resultados devem ser expostos na forma de texto
e/ou tabelas. Deve-se evitar, todavia, apresentar os resultados apenas em
tabelas. Podem ser usados gráficos para ilustrar os resultados, mas eles não
dispensam sua apresentação na forma de texto e/ou tabelas. Deve-se checar para
que todos os resultados tenham sido obtidos de metodologias que tenham sido
descritas, bem como verificar se todas metodologias descritas possuem
resultados apresentados. Na discussão, deve-se ter em mente que não se
trata apenas de uma discussão dos resultados e sim uma discussão do trabalho
como um todo. Assim, sempre que pertinente, todas suas etapas devem ser
discutidas, isto é, o objetivo, a literatura, a metodologia e os resultados.
Desta forma, cabe sempre inicialmente uma discussão sobre a pertinência do
trabalho em questão, isto é, deve-se discutir se são pertinentes as motivações
que levaram o autor a conduzir o trabalho. Em seguida, deve discutir o porquê
da metodologia empregada e se havia ou não outras alternativas. Os resultados
devem ser discutidos em duas etapas: em primeiro lugar deve-se dar uma
explicação do autor para os resultados encontrados e, em seguida, deve-se
comparar os resultados encontrados com os disponíveis na literatura com os
respectivos comentários pertinentes. Por fim, faz-se um balanço geral do
trabalho com eventuais proposições de novos trabalhos para as novas questões
que se apresentarem face aos resultados encontrados. Para cada questão
respondida por um trabalho devem surgir várias outras novas. É importante que
sejam discutidos apenas aspectos apresentados nos capítulos anteriores, isto é,
não devem ser apresentados fatos ou resultados novos nem tampouco devem ser
citados autores que não tenham sido previamente mencionados.
As CONCLUSÕES
E/OU RECOMENDAÇÕES devem apresentar, de maneira objetiva, o desfecho do
trabalho a partir dos resultados. É sempre importante apresentá-las de maneira
relativa e não absoluta. Por exemplo, deve-se evitar a redação do tipo "não
houve influência do rádio na aculturação dos povos indígenas..." e dar
preferência a textos como "não foi possível demonstrar a influência do
rádio na aculturação dos povos indígenas...". Deve-se colocar lado a
lado os objetivos e as conclusões, isto é, deve-se assegurar que não tenham
sido citadas conclusões que não foram objetivo do trabalho. Eventualmente
e quando for o caso, pode-se escrever algo como "apesar de não ter sido
objetivo deste trabalho, os resultados demonstraram que...".